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quarta-feira, 7 de abril de 2010

FIGURAS DE LINGUAGEM


2 - Figuras de Linguagem
São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som, figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de construção.
Classificação das Figuras de Linguagem
Observe:
1) Fernanda acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia.
2) "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela."
3) Seus olhos eram luzes brilhantes.
Nos exemplos acima, temos três tipos distintos de figuras de linguagem:
Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na terceira frase, um termo citado anteriormente - o verbo acordar. Repare que a segunda e a última frase do primeiro exemplo devem ser entendidas da seguinte forma: "Renata acordou às nove horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma figura de construção ou de sintaxe.
Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as palavras fecha e abre, que possuem significados opostos. Temos, assim, uma figura de pensamento.
Exemplo 3: a força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes brilhantes. Essa associação nos permite uma transferência de significados a ponto de usarmos "olhos" por "luzes brilhantes". Temos, então, uma figura de palavra.
Figura de Palavra
A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. Esses dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: a metáfora e a metonímia.
Metáfora
A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da mesa", "braço da cadeira").
Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Observe a gradação no processo metafórico abaixo:
Seus olhos são como luzes brilhantes.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora:
Seus olhos são luzes brilhantes.
Nesse exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim um símile, ou seja, qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo:
As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Essa é a verdadeira metáfora.
Observe outros exemplos:
1) "Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)
Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum.


MAIS INFORMAÇÕES SOBRE FIGURAS DE LINGUAGENS


A linguagem científica prima pela exatidão, pela precisão, pela correção, pela objetividade. O texto literário, no entanto, se marca por desvios em relação ao significado das palavras ou às próprias construções.


Por apresentar desvios, que também são conhecidos como figuras, diz-se que a linguagem usada pela literatura é figurada. É isso que vamos estudar nessa parte do livro. Para tal, dividimos essas figuras em grupos.



Metáfora (e suas variações)

Um homem, ao dirigir-se a uma mulher, diz: “Você é o sol da minha vida.”

Considerando que mulher não é sol, percebe-se que esta palavra (sol) está em sentido conotativo, ou seja, figurado. O que ele quer dizer pé que ela “o ilumina”, “o orienta”, “o aquece”, “é o centro de seus interesses”, “o mantém em órbita”...

Enfim, ele se coloca como um planeta, para o qual o sol é o próprio sentido e motivo da existência.

A esse processo de criação lingüística, que envolve uma comparação implícita, dá-se o nome geral de metáfora, a qual, por sua vez, se inclui num grupo mais amplo, o das figuras semânticas.

Vamos, agora, ver as mais comuns.


Metáfora

Troca ou relacionamento de palavras em que há uma construção figurada baseada na semelhança, isto é, um critério subjetivo e de contexto intelectual (não aparece o termo comparativo)

“Qualquer ruído, dizia, era faca em seus ouvidos” (Marina Colassanti)


Símile ou Comparação

É parecida com a metáfora, porém apresenta o termo comparativo presente.

“Partiu-se meu rosto em chispas / como as estrelas num poço”.(Cecília Meireles)


Personificação ou prosopopéia

É um tipo de metáfora em que se atribui qualidade, ação ou condição humana a coisas ou seres não humanos.

“As grandes árvores nem se mexem, pois não dão confiança a essa brisa, mas as plantinhas miúdas ficam felizes”.(Aníbal Machado)


Hipérbole

É também uma variação da metáfora, mas seu nome indica que se baseia num exagero.

“Até nosso céu eles espanaram” .(João Cabral de Melo Neto)

“Não o vejo há milhões de anos.”


Eufemismo


Também é da família da metáfora, mas tem o objetivo de suavizar uma idéia desagradável ou grosseira.

“O meu último sono, eu quero assim dormi-lo:

- Num largo descampado...” (Vicente de carvalho)

Às vezes, o Eufemismo ganha um tom humorístico. A mesma idéia de morte é percebida em:

“Ele vestiu um paletó de madeira”.


Metonímia


É o segundo grande eixo das figuras semânticas. Diferentemente da metáfora, que se baseia num eixo de concentração, a metonímia se caracteriza por uma relação ou troca de palavras em que ocorra uma contigüidade, isto é, uma aproximação objetiva, devido à ocupação de espaços próximos no universo.


“Os olhos claros da mulher pediram-lhe com doçura...” (Carlos Drummond de Andrade)

“olhos” substituem “mulher”


Observe que se trocam (ou se relacionam) as palavras baseando-se na aproximação dentro do universo ou do contexto.

“Abriu uma torneira do banheiro para lavar o sono do rosto”.(Luís Fernando Veríssimo)

Há um tipo especial de metonímia que, na verdade, troca o “todo” por uma “parte”, que tem o nome de Sinédoque.

“O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford”.(Alcântara Machado)


Antítese


O que aproxima as palavras trocadas ou relacionadas é a oposição.

“Abaixo – via a terra – abismo de treva!

Acima – o firmamento – abismo de luz!” (Castro Alves)


Paradoxo

É a oposição de raciocínios, já que há ilogicidade na idéia.

“Estranha paixão: quanto mais ódio, mais amor.” (Fagundes Varela)


Ironia

É, com clara intenção, comunicar exatamente o contrário do que se diz.

“... o velho começou a ficar com aquela bonita expressão cadavérica.” (Stanislau Ponte Preta

2 comentários:

Anônimo disse...

Milts... Seu BLOG está D+! Parabéns pela criatividade e pelas informações literárias.
Abração,
Prof. Emerson Miler

Anônimo disse...

Milts... Seu BLOG está D+! Parabéns.

Prof. Emerson Miler